sábado, julho 08, 2017

são padrões, estou tentando dizer pra mim mesma. risco num quadro como de giz mas que só existe dentro da minha cabeça, como quem busca decifrar um mistério. são repetições, estou tentando convencer a mim mesma. alinho informações e fatos, vivências. coeficiente comum, eu nisso tudo. eles são só os espelhos, às vezes assustadoramente cruéis, às vezes absolutamente gentis, isso tudo que um humano pode comportar. cinismo toma conta de mim aqui em são paulo, e estou realmente muito cansada de esmurrar os próprios erros. eu, labirinto de mim mesma, estaca zero, busco um retorno pra um lugar que eu nem imagino qual seja, em mim.
confusa,te medito. busco significados em todos os símbolos. o universo expande e contrai, e assim se comunica comigo. confusa, me medito. recebo sinais, imagens, gestos, mitos. confusa, silencio. cavo camadas que convergem formatos múltiplos, subjetivos e também concretos. confusa, grito. meu cérebro é tudo isso que caminha junto comigo?
escrevo quando o corpo já não consegue gestuar, quando a boca não elabora entonação específica, quando a mística me mostra a mágica disso que me toma e me transpassa e vezenquando atropela. escrevo quando acho que assimilei esse tudo todo imenso tanto muito denso solto bagunçado organizado misturado, escrevo quando o pensamento se mostra enigmático e desorganizado. escrevo quando eu em mim, não me suporto. quando tantas ou mesmo tantos exalam de dentro pra fora, quando nem sempre estou ancorada nisso que sustenta a pele, nisso que apelidamos esqueleto e dele pra tudo tantos desdobramentos, escrevo quando não sei. quando sei mais que tudo, quando as certezas só querem sair pra virarem denovo incertezas, quando penso nesse você que sou eu denovo, você extensão de mim e do mais que está, do mais que só é. escrevo quando poesia e quando prosa mais ainda, quando música e enquanto dedos transportam contração relaxamento expansão retração elaboração canção quando sim e principalmente,escrevo quando não.

sexta-feira, julho 07, 2017

e perguntava: sentes ? então respondia: e o que é que deveria sentir ? a carne por dentro da pele, o barulho do esforço dos músculos carregando sangue, excremento, fluido, um sem fim de trabalho das vísceras pra que você esteja vivo, caminhante, falante, útil? não, a nuance de tudo isso, os espaços, os vazios, os conjuntos, os formatos, os silêncios entre os esforços, a potência transformadora do tubo, o eu dentro que é consequência do infinito fora, isso que é denso, completo, errante, queima dissolve espalha expulsa e repete. isso que é cíclico moldável e finito, o corpo. sentes?


se entreolhavam. sentia, sim, mas diferente. sentia embaixo, regionalmente, isso que na mulher chamamos de região do útero, no homem é o que? períneo, ânus, genital, sentia sim, sentia como imã, era magnético e pulsava. mais quando pensavam um no outro, mais ainda quando se encostavam. sentia quando se penetravam, e iam além. além disso que tentamos significar com textos, disso que buscamos pontuar nas palavras. sentiam invisível, sentiam microscopicamente, ou nem isso, algo que não se toca, mas parece tão palpável que o desejo se transfigura em pensamento que se transforma em sentimento e disso gesto, disso encontro, de tudo isso, toque. sentia como nunca, talvez porque o sentir é coisa construída, projetamos o sentir? e aí teorias, propostas, escrituras, e dentro barragem, pedregulho caminho limite e medo. medo do que, perguntava-se, e a si mesmo respondia: medo do que não explicamos. medo de tudo, então? medo daquilo que nem as letras nem as palavras nem as frases nem os textos ou livros nem mesmo os estudiosos nem religiosos explicam. medo do invisível metabólico bioquímico do dentro. que quando fora, você.

quarta-feira, julho 05, 2017

mas que porra será isso que você significa que eu não consigo entender ver ou aceitar?
mais ou menos assim: hoje eu escolhi um look tom sobre tom, mais especificamente bege com branco, sei que você repara nas cores e nas composições todas, quase como linguagem. E depois faz disso poesia impressa. Te vejo às veZes assim. Escolhi cor clara porque hoje fez um sol lindo em Copacabana, e eu pensei denovo em você. Eu fico querendo deixar você combinar só com São Paulo, com o nosso bairro,e esquecer quando me deslocar e mudar de direção, e de fato mudo, mas não da nossa, e dá mais saudade. Queria que isso fosse uma carta, mas vai chegar de maneira tão rápida que vai parecer pequeno, descartável como tudo tem sido no mundo, como talvez a gente pareça, mas não pra mim. E no fundo é por isso que escrevo, queria pontuar posteridade, apesar de ser bobeira, porque no fim, tudo é um pouco expresso, né ? o fluxo aqui é outro, mesmo sendo cidade, e eu adoro. Adoro o barulho do mar com os carros, todo mundo se movendo junto... saudade do seu cheiro beijo jeito gesto corpo colo peito cabelo pele textura pau. mas acima de tudo, das suas mãos e da sua entrega inteira intensa quando juntos. só queria dizer. ( 6 - 5 - 2017, G)
te silenciei com a tecnologia
mas da minha biologia









não.