sexta-feira, maio 29, 2015

a ju hoje me lembrou que o amor existe, que coisa linda
na cidade somos mero sofredores
desajeitados
famintos
tem dia que pareço máquina enferrujada, desesperada pra que as coisas se encaixem
é tanto barulho na cidade que a gente esquece
que ta tudo fluído
escrito? 
que cada passo é um ensaio firme pro próximo passo
juízo final cotidiano
barulho lá fora
silêncio aqui dentro
silêncio lá fora
barulho aqui dentro
nós somos grandes mulheres

domingo, maio 10, 2015

eu percebo que são ciclos, tenho conhecido muitos tipos de pessoas, de modos de vida, muitos olhares e ouvidos e maneiras de perceber e se mover no mundo, nas experiências nos territórios... tenho conhecido pessoas com as melhores e mais lindas teorias, e mais tenebrosas e insalubres atitudes, pessoas silenciosas e simples nas teorias, amáveis e generosas nas atitudes, também tudo isso oscila,tudo no eterno movimento, o nascer e o se pôr, o silêncio e o barulho, e os meios termos... experienciar a vida, odiar e amar a vida, as escolhas, as consequências, os amores confusos, os amores deliciosos, os não amores,alegrias e tristezas... e o deserto segue seco e misterioso, e os lugares gelados seguem gelados e misteriosos,e a natureza segue enigmática gigantesca e misteriosa.. e as cidades seguem cruéis..e misteriosas..e apesar de todas as teorias,de todos os territórios, de todos os sentimentos, nós seguimos animais.. e absurdamente misteriosos.

quarta-feira, maio 06, 2015

é tanta coisa de pensamento que a cabeça vai sintetizando.. acho bem louco isso de ir assimilando as percepções todas a cada segundo do mundo todo dentro da gente e fora, e essa perspectiva de que são abismos, coisas totalmente diferentes o dentro e o fora. é a mística permeando tudo, coisas que enxergamos e também não. eu estou perplexa diante da realidade de que disposição não é o mesmo que disponibilidade. .. "Não posso aturar comigo nem posso fugir de mim.." então aí posso perceber que isso do amor tem haver com a minha necessidade pessoal de que o outro preencha os meus buracos, enquanto eu preciso sem saber muito como, preencher os buracos desse outro também. acho que os conflitos surgem a partir do momento em que tá todo mundo esburacado e sem conteúdo pra tapar o alheio, entende?
e eu que odeio cidades, que me sinto deslocada a cada tentativa de encaixe nesse molde social imposto,acabei voltando pra cá, a maior do meu país, uma das maiores do mundo, parece um castigo, ter que cumprir mais missão nessa dinâmica que aqui se apresenta.. E pensar que é tudo escolha nossa..Onde conheci a teoria de saúde, a utopia do equilíbrio, onde encontrei os piores tipos de seres humanos que já pude esbarrar, os mais cruéis, ranzinzas, ocos e doentes, muitos maquiados de zen, yoguis, evoluídos.. E também reencontrei os melhores, mais solidários, sensíveis, amáveis... são paulo é esse lugar mais do ódio que do amor com toda a certeza, porque no concreto não temos capacidades orgânicas de nos conectarmos, mesmo com tanta tentativa, com tanta vontade de parecermos conscientes, na cidade somos meros animais selvagens, raivosos, sobreviventes, como na selva. não é atoa o apelido "selva de pedra". Então na selva natural somos tão bichos quanto na selva de pedra, ou seja, não tem pra onde fugir. Bicho nascemos bicho somos