terça-feira, setembro 03, 2013

Eu agora acendo as luzes para caminhar pela casa, que é pequena de cozinha grande, a torta de legumes está no forno porque eu não tenho ido mais ao portão e não tenho visto as pessoas porque não tenho tido vontade, me lembro dos meus 15 anos quando o universo estava nos livros e as vidas nos filmes eram mais interessantes do que a vida dos meus amigos e da escola, poucos sabem mas eu não subestimo mais o mundo, é tudo tão transparente não é mesmo ? Desisti de tudo o que me foi colocado porque tudo isso não tem essência e estava mesmo sacrificando a minha vitalidade pelo que os outros chamam de futuro. Não acredito mais na arte, não acredito nas doenças pessoais que nos fazem criar. Estou buscando pelo cheiro da natureza úmida e das pedras cavernas grutas que me enchem de algo que eu não identifiquei ainda, alexandre é um menino do mato com muita vitalidade que diz sobre o desvendar da existência de maneira clara e simples. Eu e joão não teremos filhos graças a Deus porque nós dois jamais daríamos certo neste ângulo em que nos colocamos, tem o sexo gosto jeito gesto dentro do nosso contato íntimo que também nos foi tirado mesmo com tanto tato profundo, algo em mim desatou e andei tão amarga, acho que a vida é mesmo espirilada eu juro que parei de tentar entender qualquer dinâmica, tenho tentado respirar e beber água, não sinto saudade de são paulo e da tristeza em que aqueles corpos se encontram, um lugar mecânico porém pulsante, não sinto falta do sesc pompéia porque eu realmente comecei a sentir medo dos trajetos todos necessários a serem percorridos dentro da cidade, então as coisas todas bonitas pararam de fazer sentido, entende? Cavuco dentro de mim hildas bukowskis henrys e acordo de madrugada pra pensar na vida e no meu futuro e de Fer, que é mesmo uma jóia preciosa rara e precisa de amor e beleza e alegria, porque a vida vai continuar sendo um mar maluco indesvendável mas posso fazer esforços para que ele encontre as coisas mais bonitas que a existência pode oferecer. Autumn me faz ser bonita e interessante mas a realidade é que estou de pijama e não lavo o cabelo há 6 dias, minha pele e cabelo tem a sorte da genética mas gosto mesmo é de ficar ouvindo piano acender velas e imaginar a vida dentro de uma casinha no meio do mato. Voltei a cozinhar, aos poucos a ler, gostaria de voltar a dançar em breve. Acredito no yoga denovo e voltei a praticar regularmente, dentro de casa as coisas tem mais silêncio e posso ouvir o barulho de mim mesma que hora ou outra assusta mas não sinto mais medo porque também tem uma paz gostosa que há muito não sentia...me lembro da vista da janela do quarto de joão, um quartinho apertado compactando nosso possível amor, saudade de seu cheiro mas não saudade de seu jeito muitas vezes agressivo de revelar-se, nos abraçamos tão pouco e apenas tagarelamos sobre teorias furadas. Saudade de nossas caminhadas, não saudade de seu desprezo. Não saudade de nada. Estado de presença absurdo que me tira de qualquer passado futuro. Será?