quinta-feira, setembro 21, 2006

Tudo me interessa e nada me prende.Atendo a tudo sonhando sempre; fixo os mínimos gestos faciais com quem falo, recolho as entoações milimétricas dos seus dizeres expressos; mas ao ouvi-lo, não o escuto, estou pensando noutra coisa, e o que menos colhi da conversa foi a noção do que nela se disse, da minha parte ou da parte de com quem falei.Assim, muitas vezes, repito a alguém o que já lhe repeti, pergunto-lhe de novo aquilo a que ele já me respondeu; mas posso descrever, em quatro palavras fotográficas, o semblante muscular com que ele disse o que me não lembra,ou a inclinação de ouvir com os olhos com que recebeu a narrativa que me não recordava ter-lhe feito.

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